Vivemos em um mundo em que a tecnologia sempre busca nos trazer facilidades e eficiência nas mais variadas áreas de nossas vidas. Porém, na medicina, este assunto deve sempre ser olhado com parcimônia.
Hoje está em voga a F.U.E. Robótica, capitaneada pelo robô ARTAS. O ARTAS automatiza a F.U.E., tornando a retirada das unidades foliculares mais consistente e diminuindo a fadiga do cirurgião. No entanto, dizer que o robô faz tudo sozinho seria não apenas um tremendo exagero: seria impreciso.
O robô é apenas uma ferramenta, embora altamente sofisticada, que segue parâmetros pré-estabelecidos pelo cirurgião. O robô reconhece suas bordas e limites e nesta área restrita, onde realiza a sequência de incisões, determina o ângulo do cabelo, a profundidade da incisão e da dissecção. Só dispõe de punchs de 1 mm no Brasil e hoje já utilizamos punchs menores no F.U.E. motorizado, como 0,9 e 0,8 mm. Na maioria das vezes será necessário uma retirada manual/motorizada “humana” nas bordas das áreas pré delimitadas pelo cirurgião.
Outro detalhe é que o ARTAS apenas extrai as unidades foliculares, necessitando das mãos hábeis do cirurgião para a implantação dos enxertos. Além disso, o robô às vezes retorna aos locais já incisados e deve ser interrompido.
Os custos são maiores quando comparados com F.U.E. motorizada e manual, já que paga-se royalties à empresa geradora do produto a cada uso.
A cirurgia robótica está aí, é uma realidade, não temos como negar, porém esperamos seu aperfeiçoamento a cada dia e é isto que vamos buscar. O Centro Goiano de Transplante Capilar está sempre alerta a tudo relacionado à arte da restauração capilar. Escrevo este texto como conhecimento de causa, não apenas para alertar aos pacientes e leigos que esta ainda não é a revolução que muitos apregoam, mas principalmente para fornecer subsídios para futuras discussões.